sexta-feira, 17 de abril de 2009

NOVO ENEM 2009

03/04/2009 19:16
O que muda no vestibular
Como será o novo processo seletivo para as universidades federais
Ana Aranha
Revista Época
Nesta semana, as universidades federais começam a discutir a unificação de seus vestibulares. Uma nova versão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – mais extensa e mais difícil – substituiria o processo seletivo. O ministro da Educação, Fernando Haddad, autor da proposta, quer que a mudança comece a valer neste ano. O que pode mudar?

48%
dos 268 mil candidatos aprovados em vestibulares para o ensino superior público em 2007 entraram em universidades federais

O vestibular vai acabar?
Não. A proposta do Ministério da Educação é que uma nova versão do Enem vire a principal etapa do processo seletivo das universidades federais. E de outras que aderirem. O exame pode virar a primeira fase ou substituir o processo todo – isso será definido por cada universidade. De qualquer maneira, os alunos que quiserem os cursos mais procurados vão continuar precisando estudar muito. A principal diferença é que, com o novo Enem, eles poderão se concentrar em um exame só. E usar a nota para pleitear vaga em diversas universidades.
Como vai ser o novo Enem?
A proposta inicial é que, além da redação, a prova passe das atuais 63 questões de múltipla escolha para 200. Serão quatro provas de 50 questões, aplicadas em dois dias, uma de manhã e outra à tarde. A maior mudança será no formato das perguntas. Até hoje, o Enem centrou-se na verificação de habilidades dos candidatos, como o raciocínio lógico e a interpretação de texto. Mesmo quem não lembra as fórmulas matemáticas ou as características de certo escritor pode ir bem apenas raciocinando com as informações do enunciado (leia o quadro abaixo).
O modelo novo seria um meio-termo entre o formato atual do Enem e o vestibular tradicional: aquele que exige conteúdo extenso e memorização de regras que o aluno raramente vai usar ao longo da vida. Ainda muito adotado em universidades públicas e privadas, esse formato é tido como antiquado pelos especialistas em avaliação. “Eu trabalho com línguas e vejo perguntas de português em alguns vestibulares que não saberia responder sem consultar uma gramática”, diz Gisele Gama, especialista em avaliação educacional. Um exemplo de prova assim é o vestibular da Universidade Federal do Ceará. Em 2008, algumas questões de língua portuguesa apenas verificavam se o candidato lera os livros pedidos. Para isso, uma delas pedia que ele ligasse o nome do personagem a sua descrição.
A principal mudança será inserir a cobrança de conteúdo, sem abandonar a exigência pelas habilidades. “Não somos contra a memorização”, diz Reynaldo Fernandes, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela reformulação do exame. “O problema é decorar um monte de informações e não saber aprofundar nada.” No novo Enem, o aluno vai ter de aplicar o conteúdo para resolver problemas em situações novas. São caminhos que não podem ser decorados por meio da prática repetitiva na escola ou no cursinho. O candidato deverá saber as características gerais dos personagens dos livros que vão cair na prova. Mas, além disso, pode ser chamado a encontrar a semelhança entre o comportamento de um personagem e dos jovens brasileiros – relacionando a interpretação do livro com uma tabela estatística do Censo.
A prova vai ficar mais difícil?
No formato do Enem atual, é comum que os alunos mais preparados cheguem perto de gabaritar a prova. O empate de notas é frequente. Isso acontece porque a prova foi elaborada para avaliar os alunos individualmente, e não classificá-los. Para que as universidades possam usá-lo para selecionar, o grau de dificuldade vai aumentar na profundidade das questões.
Quais disciplinas vão cair na prova?
As provas serão divididas em quatro grandes áreas: linguagens e códigos (língua portuguesa, inglês e redação), ciências humanas (geografia e história), ciências da natureza (biologia, física e química) e matemática. Os alunos deverão relacionar os conhecimentos entre as disciplinas. Em uma questão sobre a guerra na Bósnia, por exemplo, ele precisará usar conhecimento de história e geografia para acertar.
Como os candidatos podem se preparar?
O programa da nova prova ainda não tem previsão para ser divulgado. Por enquanto, o jeito é estudar para o vestibular e o Enem atuais. “O exame proposto é mais eficiente para selecionar os melhores”, diz Nicolau Marmo, coordenador-geral do Anglo. “Já tranquilizamos os alunos. Quem estuda passa em qualquer uma dessas provas.”
Fabio Motta
EXAME NACIONAL
Candidatos fazem o Enem no Rio de Janeiro. Com a mudança, serão quatro provas divididas em dois dias

Como muda a disputa por vagas?
A vida vai mudar, para melhor, para os candidatos que querem prestar vestibular em outras cidades. Os candidatos poderão fazer o Enem em seu Estado e, com a nota, pleitear vagas a distância. Isso dá mais chance a quem não tem renda para viajar. Ainda assim, é possível que as universidades elaborem uma segunda fase para os cursos que exigem habilidades específicas, como arquitetura. E para os mais disputados, como medicina. Nesse caso, é possível que os candidatos precisem se deslocar para fazer a segunda fase.
Por que o governo vai mexer no vestibular?
A preparação para o vestibular é uma das maiores preocupações dos alunos do ensino médio, pais e professores. Mesmo colégios com propostas pedagógicas alternativas sofrem essa pressão. É natural que as escolas orientem seus currículos de acordo com o que vai ser cobrado. Mas as universidades estão preocupadas em selecionar alunos, não em orientar o currículo do ensino médio. E aqui está o principal argumento do ministério: as escolas acabam se distanciando de atividades mais reflexivas, que também são importantes para a formação. Com a mudança, os professores ganhariam tempo para atividades de fixação e elaboração do conhecimento – como redações e pesquisas em grupo.
Para elaborar a proposta, o governo se inspirou no sistema americano de avaliação do ensino médio, o SAT, que também funciona como porta de entrada para as universidades. Além da nota, cada universidade tem outros critérios para selecionar alunos.
No Brasil, o vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, é um dos mais próximos do formato proposto para o Enem. A mudança começou em 1987, quando a universidade deixou de usar a Fuvest (o vestibular da Universidade de São Paulo) como prova de seleção. “A Fuvest mudou de lá para cá, mas, na época, houve um diagnóstico de que tinha pegadinhas e decoreba, o que dava vantagem a alunos treinados para a prova e com conhecimento enciclopédico”, afirma Leandro Tessler, coordenador do processo seletivo da Unicamp.
No novo vestibular da Unicamp, as perguntas passaram a valorizar a leitura, a interpretação e o raciocínio. As fórmulas de física e a tabela periódica estão todas lá, no enunciado. A surpresa é que o perfil dos alunos aprovados quase não mudou. O impacto maior foi sobre as escolas da cidade. “O vestibular era uma referência e, com a mudança, elas mudaram também. Passaram a trabalhar o conteúdo de maneira mais contextualizada e a procurar desenvolver o raciocínio dos alunos.”
A competição aumentará para quem mora perto das universidades mais procuradas

Quais universidades vão adotar o novo Enem?
A proposta foi apresentada na semana passada às universidades federais. Elas ainda não tomaram posição. Embora recebam verbas federais, não são obrigadas a seguir determinações do ministério. “A ideia é interessante. Todos os reitores se mostraram abertos”, diz Amaro Lins, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior. As universidades podem elaborar, em conjunto, o conteúdo da prova.
Se o modelo for aceito na rede federal, há a possibilidade de se expandir às redes estadual e privada. Algumas instituições que já usam o exame como um dos critérios podem aumentar o peso do Enem na classificação. É o caso da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Seu vestibular é composto de prova objetiva, discursiva e redação. Se for superior à nota da objetiva, o Enem prevalece. Mas o peso maior ainda é para o exame discursivo. Segundo Ana Maria Zillocchi, coordenadora do vestibular da PUC-SP, a instituição vai observar o processo nas federais para repensar, no futuro, o peso do Enem em sua classificação: “Ainda é muito cedo para falar, mas a ideia é boa”.
Como vai ser a nova prova
Entenda a diferença entre o vestibular tradicional e o Enem atual. E como deve ser o formato do novo Enem, que pode substituir os vestibulares
O vestibular tradicional cobra conteúdo
A questão de matemática abaixo, que caiu no vestibular de 2008 da Universidade Federal do Ceará, pede para o aluno resolver um cálculo de matrizes
Revista Época
Formato: para chegar à resposta, o aluno pode simplesmente repetir a fórmula para multiplicação de matrizes que praticou na escola. A questão não verifica se ele aprendeu o conceito de matriz ou se ele saberia usar o cálculo em um contexto diferente

O Enem hoje mede o raciocínio
A questão abaixo estava no Enem de 2008. Ela pede ao aluno para fazer um cálculo a partir de um carnê de mensalidade escolar
Revista Época
Revista Época
Formato: a questão não exige conhecimento específico de matemática. Para chegar à resposta, basta que o aluno relacione e interprete as informações dadas pelo enunciado

O novo Enem deverá exigir conteúdo e raciocínio
O vestibular da Unicamp tem um formato próximo ao que pode ser o novo Enem.
A questão abaixo, de 2008, pede ao aluno que resolva um problema a partir de uma situação concreta
3. Considere a sucessão de figuras a seguir. Observe que cada figura é formada por um conjunto de palitos de fósforo.
Revista Época
A) Suponha que essas figuras representam os três primeiros termos de uma sucessão de figuras que seguem a mesma lei de formação. Suponha também que F1 , F2 e F3 indiquem, respectivamente, o número de palitos usados para produzir as figuras 1, 2 e 3 e que o número de fósforos utilizados para formar a figura n seja Fn. Calcule F10 e escreva a expressão geral de Fn.
B) Determine o número de fósforos necessários para que seja possível exibir concomitantemente todas as primeiras 50 figuras.
Formato: o aluno pode responder à questão apenas raciocinando sobre as informações do enunciado, mas isso lhe tomaria muito tempo (no item B, mais do que ele dispõe para fazer a prova toda). Para resolver com agilidade, ele precisa identificar a fórmula que se aplica à situação proposta: fórmula para obtenção de termo da progressão aritmética
O gabarito
Confira aqui as respostas para as questões da página anterior
Revista Época

domingo, 12 de abril de 2009

Charles e George

14 de fevereiro de 2009 às 10:21 (copiado do portal g1)

Jorjão
Hoje, gostaria de usar este espaço para fazer algo simples e necessário: celebrar duas vidas extraordinárias. Elas provavelmente se cruzaram pela primeira e única vez numa madrugada de outubro de 1835, quando um navio britânico de nome Beagle passou pela ilha de Pinta ao deixar o arquipélago das Galápagos, no Pacífico. A bordo dele estava Charles Robert Darwin, 26 anos (com 200 aninhos recém-completados nesta semana). O jovem Charles, naturalista do Beagle, pode ter visto, de longe, o vulcão que domina Pinta e as tartarugas-gigantes que povoavam a ilha. Um desses répteis era a fêmea que, muitas décadas mais tarde, botaria o ovo do qual saiu George.

George, o Solitário, é o réptil mais famoso e ameaçado do mundo, o último exemplar da sua espécie, a Geochelone abingdoni. Neste exato momento, geneticistas, veterinários e conservacionistas estão tentando fazer com que George se reproduza e, assim, mantenha acesa a esperança de que sua espécie não desapareça da Terra. E foi só graças aos esforços do jovem Charles – esforços mais divertidos do que a gente poderia imaginar – que os cientistas de hoje conseguem compreender como e por que George é único. Isso é o que pretendo demonstrar nos parágrafos a seguir.

Brincando de naturalista
Primeiro, que tal uma rápida visão de como era ser naturalista na primeira metade do século XIX? Quem passa os olhos pelo “Journal of researches” (“Diário de pesquisas”), relato das viagens de Darwin com o Beagle, dificilmente consegue reprimir um sorriso, em especial se já foi um moleque curioso, louco para escarafunchar terrenos baldios, pequenos riachos e parques em busca de bichos e plantas. As coisas que o jovem Charles conta sobre sua visita às Galápagos transbordam com essa alegria quase infantil de interagir com coisas vivas nunca antes vistas.

Imagine, por exemplo, o pai da evolução escarrapachado em cima de um casco de tartaruga-gigante. “Eu frequentemente subia nas costas delas e então, dando algumas pancadinhas na parte de trás do casco, elas se levantavam e saíam andando”, conta ele. “Uma das grandes, como descobri, andava no ritmo de 60 jardas [cada jarda tem uns 90 cm] em dez minutos, ou 360 por hora – nesse passo, o animal andaria umas quatro milhas [6,5 km] por dia, sem contar um pequeno descanso.”

É claro que ele parou um pouquinho para observar o acasalamento das criaturas. “Os machos copulam com as fêmeas à maneira das rãs – eles ficam unidos por algumas horas. Durante esse tempo o macho solta um grande urro ou bramido, que pode ser escutado a mais de 100 jardas de distância”, escreve Darwin. Ainda sobram comentários sobre o ar cômico que os pescoços dos bichos tinham quando eles saíam a caminhar.

Até aí, nada de muito científico – a coisa está mais para diário de viagem do que para observações penetrantes sobre o comportamento animal. Mas bastou que Darwin tivesse tempo para ruminar sobre o que viu nas Galápagos para que algumas ideias no mínimo interessantes começassem a se cristalizar. Foi interessante, por exemplo, levar em conta as afirmações de Nicholas Lawson, então governador das Galápagos, segundo o qual cada ilha do arquipélago tinha seu tipo único de tartaruga, com forma, casco e tamanho característicos. Essa diferença não faria muito sentido se as espécies das ilhas tivessem sido criadas diretamente por uma divindade – afinal, todas as ilhas estão perto umas das outras e são parecidas entre si -, mas teria toda a lógica se os animais tivessem chegado inicialmente a uma ou duas ilhas, divergindo lentamente uns dos outros conforme o isolamento em cada pedaço do arquipélago se prolongasse. Evolução em ação, portanto.

Os genes de George
Testes genéticos comprovaram esse modelo de forma muito convincente quando foi demonstrada a semelhança de DNA entre as tartarugas das Galápagos e jabutis bem menores da região do Chaco – basicamente o que aconteceu é que os pobres jabutis acabaram sendo levados pelas ondas da América do Sul até as ilhas. Já está provado que os quelônios aguentam essa jornada maluca. Mais importante ainda, as diferenças genéticas entre as populações de cada ilha (e, pior, até dentro de uma das ilhas) são suficientes para que cada tartaruga seja considerada uma espécie distinta.

E aqui começa a tragédia. A partir do século XVI, navegadores, pescadores e baleeiros passaram a usar as Galápagos como ponto de reabastecimento ou fazenda, criando cabras e capturando tartarugas como forma de ter carne fresca durante a travessia do Pacífico. Mais tarde, museus e zoológicos da Europa e dos EUA entraram na dança, recolhendo espécimes a torto e a direito. O resultado é que quatro das 15 espécies de tartarugas das ilhas estão extintas. George aparentemente é o único exemplar “puro-sangue” que sobrou das tartarugas da ilha de Pinta, tendo sido resgatado por pesquisadores em 1971 e levado para a Estação de Pesquisas Charles Darwin, onde ainda vive.

A espécie tem vida longuíssima e talvez seja capaz de chegar aos 200 anos (ninguém sabe com certeza a idade de George). Quando ele morrer, será o fim? Talvez não. Por um lado, os pesquisadores cercaram George com fêmeas de outras espécies, para tentar levá-lo a produzir ao menos filhotes híbridos, o que ainda não deu certo. Mas recentemente novas análises genéticas flagraram um mestiço da espécie de George com tartarugas da ilha de Española, ainda vivo. Trata-se de um macho também, mas os pesquisadores responsáveis pela descoberta, liderados por Adalgisa Caccone, da Universidade Yale, acham que dificilmente ele é um caso isolado. Achando-se outros híbridos, será possível dar início a um programa de cruzamento que, daqui a algumas gerações, conseguirá resgatar mais de 90% do patrimônio genético da espécie de Pinta.

Sem as observações pacientes e engraçadíssimas de Darwin, a biologia evolutiva jamais teria chegado ao nível de conhecimento necessário para entender a história familiar de George e saber o quanto ele é único. A teoria da evolução é a ferramenta mais bem-sucedida que existe para reconhecer a riqueza e a diversidade da vida que está sob nosso cuidado aqui na Terra. Cá entre nós, ainda sinto que essa aparente tragédia ainda vai terminar como toda boa comédia: em casamento. Feliz aniversário, Charles. Vida longa e bebês de montão, George.

sábado, 28 de março de 2009

NO PRINCÍPIO


OLÁ AMIGOS, ALUNOS E CURIOSOS. ESTOU INICIANDO MEU CAMINHO NESSE MUNDO DE BLOGS. MEU MAIOR INTERESSE É TENTAR CONTRIBUIR COM INFORMAÇÕES QUE MELHOREM OS CONHECIMENTOS E O INTERESSE DAS PESSOAS QUE AINDA ACHAM QUE VALE A PENA LUTAR PELO FUTURO DO NOSSO PLANETA E DA NOSSA SOBREVIVÊNCIA. SOU APENAS MAIS UM BEIJA-FLOR TENTANDO APAGAR O ENORME INCÊNDIO NA FLORESTA. ESPERO CONTAR COM OUTROS BEIJA-FLORES NESSA GRANDE AVENTURA! SEJAM TODOS BEM VINDOS!